Ter a casa arrumada e limpa é um bom hábito. Não só pelas condições de higiene, mas também porque produz uma sensação de realização e felicidade. Mas se esse bom hábito se tornar algo compulsivo, pode se tornar algo negativo.
Existem estudos que apoiam estas ideias. Investigadores da Universidade de Londres descobriram que limpar, pelo menos uma vez por semana, reduz o risco de sofrer de depressão em até 20%. Outro estudo aponta que é mais fácil concentrar-se e ser mais produtivo num ambiente limpo e arrumado, de acordo com um relatório da Deutsche Welle.
«Num lar arrumado, automaticamente nos sentimos mais seguros e mais à vontade. Por outro lado, se o apartamento estiver desarrumado, isso pode intensificar um sentimento interno de stress», disse a psicóloga Sandra Jankovski ao site de notícias alemão.
Além disso, a ordem na casa pode refletir o desejo de estabelecer uma ordem interna, o que facilita o gerenciamento de emoções e pensamentos negativos. Em pessoas que trabalham em casa ou passam muitas horas em um único espaço, a ordem ajuda a manter uma rotina fluida e um melhor descanso.
Compulsão incontrolável

A psicologia também alerta que, se se tornar uma compulsão incontrolável, pode ser um sinal de alerta. O transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) relacionado à limpeza inclui pensamentos intrusivos sobre sujeira ou contaminação, que levam a limpar repetidamente para aliviar a angústia. E isso geralmente ocorre tanto em casa quanto no escritório.
Esse comportamento pode afetar a qualidade de vida, seja porque limpar ocupa muitas horas do dia, porque restringe o uso de espaços ou causa lesões nas mãos pelo uso excessivo de produtos de limpeza. Além disso, este TOC pode interferir nas relações pessoais e na vida social.
O TOC relacionado com a limpeza tende a desenvolver-se em pessoas perfeccionistas, porque desejam ter controlo absoluto sobre o ambiente, uma vez que a imperfeição lhes causa ansiedade e insegurança. Também em pessoas que têm medo de adoecer devido a um vírus ou bactéria ou que são hipocondríacas.
“Por sua vez, experiências infantis relacionadas a lares muito críticos ou exigentes em relação à ordem podem contribuir para o desenvolvimento desses comportamentos na idade adulta. A limpeza compulsiva também pode ser uma defesa para evitar enfrentar emoções difíceis ou conflitos internos que não se sabe como lidar de outra forma”, explica o jornal Marca.

Para tratar este TOC, os psicólogos recomendam três linhas muito claras:
- Observar o motivo por trás da necessidade de limpar: se é para evitar um medo ou aliviar a ansiedade. Uma vez conhecida a origem, será necessário tratá-la.
- Tolerar a imperfeição de forma gradual. E aceitar pequenas desordens para ganhar controlo sobre a situação. A perfeição é algo impossível de alcançar.
- Consultar o médico. Em casos graves, o ideal é recorrer a um profissional, que recomendará alguma terapia comportamental.
É claro que, muitas vezes, limpar o tempo todo ou estar sempre atento para que tudo esteja impecável não é um TOC, mas uma mania, uma obsessão pela ordem cuja origem é desconhecida.
Fatores como antecedentes familiares, situações de stress, experiências traumáticas, ansiedade ou depressão podem estar relacionados a esse comportamento.
